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Perdas de 3% do Sistema no Mercado Livre de Energia

Perdas do Sistema: o que são e como funcionam no Mercado Livre de Energia (ACL)

Ao migrar para o Mercado Livre de Energia, muitos consumidores buscam previsibilidade de custos e economia. Mas um dos fatores que frequentemente gera dúvidas — e que impacta diretamente na conta de energia — são as perdas do sistema. Afinal, o que são essas perdas? E como elas afetam o consumo no Ambiente de Contratação Livre (ACL)?

O que são as perdas do sistema?

As perdas elétricas representam a energia que “se perde” no caminho entre a geração e o consumo. Elas ocorrem, principalmente, por dois motivos:

  1. Perdas técnicas: São naturais no processo de transmissão e distribuição (efeito Joule nos cabos, transformadores, etc.).

  2. Perdas não técnicas: Envolvem problemas como furtos de energia e erros de medição (menos comuns no ACL, mas ainda existentes).

Como as perdas são tratadas no mercado livre?

No ACL, os consumidores geralmente contratam a energia com base no seu consumo medido na fronteira de entrada, ou seja, no ponto de conexão com a distribuidora. No entanto, a energia precisa ser gerada em quantidade maior para compensar as perdas do sistema.

Isso acontece porque a energia gerada percorre um caminho pela Rede Básica (transmissão) e depois pelas redes de distribuição até chegar ao consumidor.

Por que o volume de energia cobrado no mercado livre é maior que o medido?

Quando um consumidor migra para o Mercado Livre de Energia, ele passa a negociar diretamente com fornecedores, o que pode trazer economia e previsibilidade. No entanto, muitos notam uma diferença sutil entre o consumo registrado em seus medidores e o volume final de energia considerado para faturamento. Vamos entender por quê.

1. Perdas Técnicas do Sistema (Encargo de Perdas)

Mesmo no mercado livre, a energia contratada precisa passar por toda a cadeia de transmissão e distribuição até chegar ao consumidor. Durante esse trajeto, parte da energia se perde, seja por aquecimento dos fios ou outras ineficiências técnicas. Para compensar essas perdas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) estabelece um fator de ajuste.

No exemplo da imagem acima, temos:

  • Consumo Medido: 149.152,93 kWh

  • Perdas Técnicas: 3%

Isso gera o seguinte volume ajustado:
📈 149.152,93 x 1,03 = 153.627,52 kWh

Esse é o volume que será considerado para fins de contratação de energia e encargos, mesmo que o medidor do cliente tenha registrado um valor menor.

2. Encargo PROINFA

O PROINFA é um programa que incentiva fontes renováveis como eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. No mercado livre, esse encargo ainda é repassado proporcionalmente ao consumo do cliente.

O valor é dado em R$/MWh (nesse caso, R$ 3,21/MWh) e incide sobre um volume também ajustado, chamado Energia Base PROINFA. Esse volume, por vezes, desconsidera parte das perdas (a depender do agente de medição) e nesse exemplo é:

150.417,52 kWh

🔎 Note que os volumes para perdas e PROINFA são ligeiramente diferentes, pois seguem critérios de cálculo distintos, mas ambos aumentam o total de energia que o cliente precisa contratar ou sobre a qual incidem encargos.

Conclusão

Mesmo com um consumo “real” menor, os encargos regulatórios e ajustes técnicos fazem com que o volume de energia considerado para faturamento no mercado livre seja maior do que o registrado no medidor. Entender isso ajuda a evitar surpresas na contratação e nos custos mensais, além de ser essencial para um bom planejamento energético.

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