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Perigos e Riscos da Geração Distribuída

Introdução

A Geração Distribuída (GD) é a produção de energia elétrica próxima ao local de consumo, geralmente a partir de fontes renováveis, como solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Diferente da geração centralizada, onde grandes usinas produzem e transmitem a energia por longas distâncias, a GD permite que consumidores (residenciais, comerciais e industriais) produzam parte ou toda a energia que consomem, podendo até injetar o excedente na rede elétrica.

No Brasil, a GD é regulamentada pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, posteriormente atualizada pela Lei 14.300/2022, que estabelece o marco legal da micro e minigeração distribuída, definindo regras de compensação de créditos e incentivos para o setor.

Geração Distribuída (GD):

É a produção de energia elétrica feita próxima ou no próprio local de consumo, geralmente por meio de fontes renováveis, como painéis solares, turbinas eólicas, biomassa, etc. A ideia é descentralizar a geração de energia, ou seja, não depender apenas de grandes usinas distantes e linhas de transmissão.

💡 Exemplo: Uma casa com painéis solares no telhado que gera a própria energia e injeta o excedente na rede elétrica gerando créditos a serem compensados para ela mesma

Perigos e Riscos da Geração Distribuída (GD):

1. Riscos de Segurança Elétrica

  • Choques e acidentes: Instalações mal projetadas ou executadas podem causar choques elétricos, curtos-circuitos e até incêndios.

  • Backfeed (retorno de corrente para a rede): Quando a GD continua injetando energia na rede durante uma queda de energia, pode colocar em risco os técnicos de manutenção.

2. Problemas Técnicos e de Qualidade da Energia

  • Intermitência de fontes renováveis: Sol e vento são variáveis, o que pode afetar a estabilidade da rede se não houver um bom planejamento.

  • Sobretensões e flutuações de tensão: Injeções mal controladas podem causar oscilações de tensão, prejudicando equipamentos conectados à rede.

3. Riscos de Instalação e Manutenção

  • Erro de dimensionamento ou projeto: Sistemas superdimensionados ou mal calculados geram desperdício ou má performance.

  • Manutenção negligenciada: A falta de manutenção reduz a vida útil do sistema e pode causar falhas perigosas.

4. Questões Regulatórias e Econômicas

  • Mudanças na legislação: Regras para compensação de créditos podem mudar, afetando o retorno financeiro do investimento.

  • Desigualdade tarifária: Consumidores com GD podem deixar de pagar parte da infraestrutura da rede, repassando esse custo para quem não pode investir em GD.

5. Riscos Ambientais e Climáticos

  • Danos por intempéries: Painéis solares e aerogeradores estão expostos ao tempo, podendo ser danificados por granizo, ventos fortes, raios, etc.

  • Impacto ambiental mal avaliado: Algumas fontes de GD (como biomassa ou pequenas hidrelétricas) podem causar impactos ambientais se mal planejadas.

6. Falta de Conhecimento Técnico

  • Consumidores mal informados: Muitos contratam sistemas sem entender o funcionamento, o que pode gerar frustrações, riscos de segurança e má operação.

  • Profissionais não qualificados: Instalações feitas por profissionais não certificados aumentam drasticamente os riscos.

Geração Distribuída Remota (GDR):

É uma modalidade da geração distribuída onde a energia é gerada em um local diferente de onde será consumida, desde que esteja dentro da mesma área de concessão da distribuidora. O consumidor recebe créditos pela energia gerada em outro ponto e pode abater esses créditos na sua conta de luz.

💡 Exemplo: Um grupo de pessoas investe em uma usina solar em um terreno rural e usa os créditos gerados para abater na conta de luz das suas casas na cidade, desde que ambas estejam dentro da área da mesma distribuidora.

💡 Exemplo: Uma residência, comercio ou industria busca uma usina geradora de energia para participar desta cooperaiva, consórcio ou associação para ter como benefício a compensação de energia na conta, obtendo economias mensais através de uma energia gerada em outro local

Perigos e Riscos da Geração Distribuída Remota (GDR):

1. Risco Econômico e Financeiro

  • Mudanças regulatórias: A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) pode alterar as regras de compensação de créditos, o que impacta diretamente o retorno do investimento.

  • Incerteza sobre rentabilidade: O retorno financeiro depende da produção da usina, dos custos de operação e da estabilidade das regras da distribuidora.

  • Falsas promessas: Alguns projetos prometem economia exagerada ou garantias que não se sustentam — risco comum em empresas sem credibilidade.

2. Riscos Contratuais e Jurídicos

  • Contratos mal redigidos: Muitos consumidores não entendem os contratos de adesão a projetos de GDR, que podem ter cláusulas abusivas, multas pesadas ou prazos longos.

  • Falta de transparência: Nem sempre há clareza sobre como os créditos serão distribuídos, qual o valor real da economia ou como funciona o cancelamento.

3. Dependência da Distribuidora

  • Limitações por área de concessão: A usina e o consumidor precisam estar dentro da mesma área de atuação da distribuidora. Se o consumidor mudar de endereço ou sair da área, pode perder o acesso aos créditos.

  • Problemas na compensação de créditos: Atrasos ou falhas na geração e lançamento de créditos podem causar confusão e contas de luz mais altas.

4. Riscos Operacionais da Usina Remota

  • Variabilidade climática: A produção depende do clima. Em períodos nublados ou chuvosos, a geração cai, o que reduz os créditos recebidos.

  • Falta de manutenção da usina: Se o operador não realiza manutenções adequadas, o sistema pode gerar menos energia do que o esperado.

5. Confiabilidade do Operador

  • Empresas pouco estruturadas ou sem histórico: Há risco de firmar contratos com empresas que podem encerrar atividades antes do fim do contrato.

  • Golpes e pirâmides: Com o boom da GDR, surgiram propostas fraudulentas disfarçadas de investimento em energia limpa. Fique atento a promessas de “retorno garantido e rápido”.


“Como se proteger desses riscos”

  • Pesquisar bem a empresa fornecedora;

  • Ler contratos com atenção (ou consultar um advogado);

  • Verificar o histórico da usina e da distribuidora;

  • Acompanhar mudanças na legislação do setor.

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